Padre acusado de abusos sexuais e retratado em “Spotlight” morre aos 87 anos nos EUA

Da redação

James Talbot, ex-padre católico e figura central no escândalo de abusos sexuais que abalou a Igreja nos Estados Unidos — e que inspirou o filme vencedor do Oscar Spotlight —, morreu aos 87 anos. A informação foi confirmada por um porta-voz da Companhia de Jesus, ordem à qual Talbot pertenceu, que relatou sua morte em um centro de cuidados paliativos em St. Louis, Missouri, no último dia 28 de fevereiro.

Talbot constava na lista de membros da Igreja acusados de maneira “credível” por abuso sexual de menores, divulgada pela província USA East dos Jesuítas. Ele foi uma das dezenas de clérigos denunciados na investigação jornalística conduzida pelo Boston Globe, cuja série de reportagens rendeu um Prêmio Pulitzer em 2003 e originou o aclamado longa-metragem Spotlight, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2016.

Em 2018, o ex-padre se declarou culpado por abusar sexualmente de um menino de 9 anos em uma igreja no estado do Maine, nos anos 1990. Foi sentenciado a três anos de prisão. Antes disso, Talbot já havia cumprido pena de seis anos por estuprar e agredir sexualmente dois estudantes em Boston, além de ter fechado acordos extrajudiciais com mais de uma dezena de vítimas.

Talbot atuou como professor e treinador esportivo na Boston College High School entre 1972 e 1980. Posteriormente, foi transferido para o estado do Maine, onde lecionou na Cheverus High School, em Portland, até 1998.

O caso dele é considerado um dos mais emblemáticos entre os revelados pela investigação que escancarou a prática sistemática de abuso sexual dentro da Igreja Católica nos EUA e o consequente acobertamento por parte de autoridades eclesiásticas.

A Província Jesuíta USA East não se manifestou sobre a morte de Talbot.